Como ter motivação para estudar?

Publicado em 19/06/2020 por Luzia Kikuchi

Em um post anterior falei a respeito de como atingir objetivos de longo prazo. E pensando no contexto atual (pandemia, crise econômica e crise política) qualquer plano parece muito efêmero* e sem importância perto do que estamos passando.

*efêmero: algo temporário, passageiro ou transitório.

E, querendo ou não, estudar é um planejamento de longo prazo. Se você quiser obter resultados duradouros e construir conhecimentos interconectados, não é uma noite de estudos que vai te tornar um “filósofo” ou o “matemático de todos os tempos” da noite para o dia. E, muitas vezes, por não ter resultados imediatos, é muito fácil perder o foco e a motivação para estudar.

Antes de responder à pergunta do título deste post, faço uma “contra-pergunta” ou pergunta retórica a você (clique aqui se você quer saber o que é uma pergunta retórica):

“Por que você estuda?”

Pegue um lápis ou uma caneta e um bloco de anotações e faça uma lista de motivos que te levam a estudar ou acreditar que isso seja importante.

Eu não sou “vidente”, mas provavelmente as motivações devem ser muito parecidas com estas aqui; mesmo porque seria o que eu responderia a 20 anos atrás (olha eu entregando a idade!)

Se eu pudesse, hoje, conversar comigo daquela época, sentaria em uma mesa com um café (ops, eu não tomava naquele tempo) suco ou um chá e desenvolveria cada uma das justificativas dadas anteriormente da seguinte maneira:

  1. Entrar em uma universidade pública de qualidade

Diria que essa é uma motivação válida, mas muito temporária, pois a partir do momento que você for aprovada no processo seletivo, o objetivo já estará conquistado. E depois? Como se manterá motivada para estudar na faculdade? Qual será a sua próxima motivação?

  1. Para poder ter melhores oportunidades no mercado de trabalho

Talvez, no passado, eu responderia à pergunta do item anterior que, já dentro da universidade, a minha motivação para estudar seria para terminar o curso e poder ter boas oportunidades no mercado de trabalho.

Porém, quem já passou por essa fase sabe muito bem que diploma não é garantia de emprego em nenhum lugar. Obviamente, uma boa formação abre muitas portas, mas a falta de experiência ou até mesmo a sua capacidade de se relacionar com as pessoas, e ter a humildade de aprender com pessoas experientes, podem ser postas à prova no momento de uma contratação.

Então, se eu te disser que a sua graduação não é garantia de emprego, você perderia a sua motivação para estudar hoje? Preferiria largar a faculdade e tentar começar a trabalhar desde cedo para adquirir mais experiência antes? Você escolhe. Mas te digo que independente da opção, não vai ser fácil.

  1. Para ter o reconhecimento dos pais

Só quem tem pais asiáticos deve saber do que estou falando (rs). De fato, a cobrança é alta e não são fáceis de impressionar com qualquer conquista. Assim, no meu inconsciente daquela época, havia uma cobrança obsessiva em conseguir algo notório o suficiente para que eles pudessem ter orgulho da filha que têm. E como nunca tive uma habilidade excepcional, o estudo sempre foi o caminho “mais fácil” para mim.

No entanto, hoje posso dizer que esse tipo de motivação é um “tiro no pé”, pois você convive com os seus pais no dia a dia. Então, quando você se sentir desmotivada para estudar, em vez de pensar em estratégias melhores, ficará preocupada em mostrar resultados para os seus pais. 

Com isso, a “pressão” passa a ser tão intensa que entrará no círculo vicioso de tentar estudar mais sem descanso, que é contraprodutivo, e você estará sentada por horas no mesmo lugar sem necessariamente estar aprendendo alguma coisa.

E quando o resultado do “fracasso” vir à tona (por exemplo, com uma não aprovação no concurso vestibular), em vez de pensar em como melhorar, você aceita a “derrota” e “conforma-se” de que o sonho que você almeja é muito alto, pensando em outra forma de reconhecimento que seja “mais fácil”. O problema disso é que você nunca encontrará o “mais fácil”, pois não consegue vencer a própria pressão interna.

Então, a dica que eu daria hoje é que não tenha como motivação o reconhecimento de outras pessoas. Faça por você e o que isso te trará de benefício a longo prazo.

  1. Porque eu quero sair da minha zona de conforto.

Ah, agora estamos chegando onde eu queria! Isso é uma motivação um pouco mais possível de ser controlada e de longo prazo. Se você põe os seus estudos como uma forma de se desafiar e aprender um pouco a cada dia, o estudo passa a ser menos penoso.

Na verdade, o que eu quero dizer com tudo isso é que para ter motivação para estudar, você precisa encontrar primeiro a razão certa para os seus estudos. E isso não pode ser um objetivo no qual o resultado seja muito incerto ou que demore muito para ser conquistado.

“Ué? Então isso significa que eu só devo me preocupar com o planejamento a curto prazo?”

Não! Pelo contrário: você precisa “pavimentar” todos os passos até chegar nesse objetivo de longo prazo. Mas, para isso, nós precisamos controlar o nosso “cérebro festeiro” que a todo momento tentará sabotar os seus planos de longo prazo. E, por isso, a melhor forma de manter-se motivado ou motivada para os seus estudos seria os seguintes passos:

Você pode continuar lendo ou ver as dicas pelo vídeo do canal:

Dica 1: Divida o seu tempo de estudo em pequenos intervalos

Crédito da imagem: Jakson Martins

Já existem estudos que comprovam a eficácia de técnicas de estudo intervaladas, como o conhecido método pomodoro que promete aumentar a produtividade do seu trabalho e dos estudos, concentrando-se por 25 minutos e descansando por 5 minutos, além de ter um intervalo maior de pausa quando alcançar quatro ciclos de 25 minutos de trabalho. 

No entanto, se você tem dificuldades para iniciar os 25 minutos de concentração, eu também fiz um método adaptado no qual explico neste post, como “aquecimento” para a técnica tradicional.

Dica 2: Tente explicar ou testar o conteúdo que estudou

Crédito da imagem: August de Richelieu

Uma das melhores formas de aprender é tentar explicar para alguém o que estudou. Seria melhor ainda se você puder se comprometer a dar uma aula ou uma palestra sobre o assunto que está estudando. Isso é eficaz porque a responsabilidade de passar o conhecimento a alguém naturalmente fará com que você pense criticamente sobre o conteúdo que está estudando.

Mas, se não tiver essa opção, você também pode fazer pequenos simulados com o conteúdo estudado. Uma ótima opção é usar a plataforma da Khan Academy ou aplicativos similares nos quais você pode encontrar vários testes de conhecimento sobre o assunto que estiver estudando.

Dica 3: Se o conteúdo ficar difícil, vá caminhar!

Existe outro estudo sobre cognição que demonstra a eficácia de movimentar-se como forma de ter insights ou ideias para a compreensão de um determinado conteúdo. Na verdade, nesse estudo citado, não necessariamente há uma movimentação corporal, mas a eficácia de movimentar os olhos para diferentes direções do diagrama para obter a solução para um problema de física.

Mais uma vez, isso explica a eficácia do método pomodoro de alguma maneira. Porque, se você mantém a atenção por muito tempo em um mesmo lugar, o cérebro “sobrecarrega-se” daquela informação e não consegue processar os dados que você está tentando memorizar ou compreender. Por outro lado, se você consegue dar pequenas pausas, o seu estado de atenção é recuperado e, assim, será capaz de olhar para a solução de um problema por outros ângulos.

Quantas vezes você se deparou com algum problema e não conseguia achar a solução ou tomou decisões precipitadas por não parar para pensar com calma?

Por isso, o ditado popular “se estiver nervoso ou nervosa, vá pescar!” é um bom conselho para encontrar soluções mais inteligentes.

Crédito da imagem: Tookapic

Dica 4: Pequenas recompensas depois do estudo

É aquela velha história da recompensa para o “cérebro festeiro” que eu sempre conto nos meus posts: se você fez um planejamento bem feito e realista (eu conto neste vídeo também como fazer uma organização de estudos) e cumpriu aquele cronograma para o dia, vá ser feliz! Faça qualquer coisa que goste e que te ajude a relaxar sem ficar pensando nos estudos. Isso será muito mais eficaz do que ficar longas horas estudando. O mais importante é manter a rotina, mesmo que seja pouco a pouco.

Conte nos comentários se você conhece outras formas de manter a motivação em alta para estudar ou o que é ter motivação para você.

Publicado por

Luzia Kikuchi

Uma entusiasta em neurociência, apaixonada por ensino-aprendizagem e uma eterna aprendiz de professora.

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