Por que escrever é importante para aprender? O método Cornell passo a passo

Escrever é importante para aprender, mas o método Cornell pode te ajudar a fazer uma melhor seleção das informações para escrever de forma ativa

Publicado em 20/08/2021 por Luzia Kikuchi

Com o advento das tecnologias digitais, como computadores e smartphones, escrever à mão tornou-se um hábito cada vez menor no nosso dia a dia. Porém, a habilidade de escrita tem papeis fundamentais no desenvolvimento da linguagem e para ativação da memória de longo prazo, como já mostrei neste post.

Porém, isso não significa que você deve escrever de qualquer forma. Como eu já escrevi neste post, fazer resumos apenas copiando trechos de textos, grifá-los ou reler o material escrito não são tão eficazes quanto realizar uma anotação no qual você ativa a sua metacognição. Isto é, saber organizar, escolher e avaliar o melhor caminho para a sua aprendizagem.

Dessa forma, para fazer anotações que sejam realmente úteis para os seus estudos, existem alguns métodos que estimulam tais pilares da metacognição. Uma muito conhecida chama-se Método Cornell.

O método Cornell é uma técnica popularizada pelo professor Walter Paulk, docente da Universidade de Cornell nos Estados Unidos, e concentra-se em três pilares para construção das suas anotações:

  1. Anotação das informações;
  2. Palavras-chave ou conceitos-chave;
  3. Resumo.

E para fazer as anotações dentro desses três pilares, é necessário dividir a folha do caderno em três partes, uma para cada pilar, que explico neste vídeo. 

Se você quiser já ter um modelo pronto, pode baixá-lo, gratuitamente, no link “Materiais” deste blog.

  1. Anotação das informações

Nessa área, você deve anotar todas as informações relevantes ou fatos que precisam ser lembrados sobre o tópico desta aula. Por exemplo: “O Brasil é localizado na América do Sul.”. Isso é um fato. Uma informação relevante que você precisa saber quando se quer saber em qual continente que se encontra o Brasil.

Dependendo do tópico que estiver estudando, pode ser que você queira anotar alguma referência (livro, artigo, etc.) que possa ser consultado depois sobre o tema da aula.

  1. Palavras-chave ou conceitos-chave

Nessa área, você deve anotar perguntas ou conceitos que vão criar “gatilhos” para serem lembrados depois. Por exemplo, se estou estudando sobre as divisões regionais do Brasil, como posso lembrar de cada uma delas? Tente pensar em uma lógica que faça sentido para você.

Aqui também é o local onde você pode se fazer perguntas de pontos que não ficaram claros na aula ou sore o tópico que precisa ser mais aprofundado depois, consultando outras referências.

  1. Resumo

Por fim, depois de já ter feito as anotações mais importantes e ter escolhido as melhores palavras-chave e conceitos relacionados ao tópico estudado, faça um breve resumo do que foi aprendido naquela aula. Depois, faça uma revisão do que foi aprendido, na manhã seguinte. E lembre-se de fazer esse resumo com as suas próprias palavras!

Se você repetir esse processo, terá mais chances de reter o conteúdo aprendido por mais tempo. Um estudo que explica esse processo foi publicano no artigo de 2016, por Mazza e colaboradores, na revista Psychological Science.

Qual a vantagem do método Cornell em relação aos outros métodos de anotações?

Uma das principais vantagens observadas no método Cornell é induzir o seu cérebro a manter-se ativo durante as aulas. O fato de realizar os elementos mais importantes, sem necessariamente copiar passivamente as informações passadas pelo professor ou apenas copiando da lousa, por exemplo, é o que ajuda a criar conexões com os seus próprios conhecimentos.

Quando você escolhe as perguntas que se deve fazer para entender melhor aquele assunto, poderá ter a oportunidade de sanar essa dúvida na própria aula com o professor ou mesmo consultar por outras fontes de informação. Isso é uma busca ativa pelo conhecimento, que cria relevância para o conteúdo e, assim, ajuda a sua memória a reter por mais tempo aquela informação.

E, por último, ao fazer um resumo, com suas próprias palavras, do que foi aprendido em aula, é uma forma de selecionar e sintetizar o que ficou de mais importante sobre aquele assunto. Numa aula subsequente, você pode olhar este resumo, por exemplo, para lembrar rapidamente do assunto da última aula.

Além de ajudar a manter uma seleção organizada das informações essenciais, com o método Cornell, é possível otimizar o seu tempo de estudo para separar um tempo de descanso: fundamental para manter uma boa memória de trabalho.

Para se ter uma ideia, a memória de trabalho funciona como se fosse uma mesa onde você coloca todas as informações que vai colhendo durante o dia. Imagina agora que você vá colocando tudo nessa mesa, sem uma organização adequada: xícara de café, livros de diversos assuntos, seu celular, computador, estojo, caderno e, quem sabe, até o seu gato esteja por lá. Em algum momento, será necessário tirar um tempo para arrumar a sua mesa, certo? Com o seu cérebro acontece o mesmo. E isso só pode ser feito quando se consegue ter tempo para descansar. Seja dormindo seja fazendo alguma atividade relaxante e prazerosa. Para manter uma alta performance do seu cérebro, é necessário equilibrar as suas horas de estudo e trabalho com o descanso.

Em um post futuro, falarei mais especificamente sobre o efeito da curva do esquecimento e como diminuí-la.

E uma última coisa importante: o processo de fazer anotações de forma ativa é algo que leva tempo para ser aprendido. Provavelmente, você terá dificuldades no começo e, muitas vezes, terá que recorrer novamente ao material fonte para obter mais informações, pois suas anotações não foram suficientes. Mas, isso é normal. Não desanime e continue praticando.

Você conhece ou utiliza algum método de anotações que tem funcionado? Conte aqui nos comentários!