Como ensinar plano cartesiano no Excel

Publicado em 13/05/2022 por Luzia Kikuchi

“Como assim ensinar plano cartesiano no Excel?!”

Se essa foi a sua reação ao ler o título deste post, já me sinto realizada por despertar a sua atenção para o que vou apresentar nas próximas linhas. No entanto, se sentiu que talvez já saiba a proposta que apresentarei você tem duas opções: ler até o fim ou ler o post sobre a origem histórica do plano cartesiano, que escrevi já faz algum tempo. Nesse post mais antigo, escrevi algumas curiosidades sobre o fato de usarmos os termos “x” e “y” para representar coordenadas e também a possível origem dos nomes “abscissa” e “ordenada”. Se tiver procurando por esses assuntos, recomendo que dê uma olhadinha nele.

Quando trabalhei no ambiente corporativo, dominar os softwares do pacote Office, tais como Word, Excel e Power Point, eram pré-requisitos básicos para fazer qualquer tipo de tarefa dentro do escritório. No entanto, o mais temido entre os três, é sempre o Excel. Por razões óbvias: lida com números.

Se olhamos para o ambiente escolar, essa situação fica ainda mais evidente. Há muitos professores da escola básica que ainda têm muita dificuldade para lidar com recursos tecnológicos em suas aulas. Se pedirmos para utilizar o Excel, é possível que muitos sequer tenha noção por onde começar.

No entanto, por trás desse editor de tabelas, gráficos e de fórmulas que permitem automatizar cálculos repetidos, em termos matemáticos, o Excel trabalha com um importante conceito matemático: de coordenadas cartesianas. Então, porquê não utilizar esse recurso com os alunos que estão aprendendo tais conceitos?

A premissa do Excel é trabalhar com a combinação de colunas (que são nomeadas por letras) e linhas (representadas por números). Dessa forma, se eu indico a célula A2, isso significa que eu me refiro à localização que está na coluna A, na linha 2.

Já na matemática, essa representação é feita somente por números, sem o uso de letras. E é isso que acaba confundindo a cabeça dos estudantes que estão começando a estudar o plano cartesiano. Por isso, a proposta dessa atividade é trazer um pouco mais de familiaridade ao conceito, por meio do uso de um recurso tecnológico, como o Excel.

Para entender o passo a passo da atividade, recomendo que assista ao vídeo que estará disponível a partir das 21h.

O método que estou utilizando nessa atividade é um princípio das metodologias ativas. Nesse caso, o estudante entra em contato com um conceito, não necessariamente com o intuito de aprofundá-lo, mas que precisa utilizá-lo indiretamente para executar a atividade.

Ao tentar preencher a planilha de dados no Excel, o estudante trabalha com a correlação entre linha e coluna, e a localização de pontos em um plano. Que é o mesmo conceito do plano cartesiano. A única diferença consiste em entender que, na nomenclatura da matemática, em vez de “A2”, por exemplo, ele deve representá-lo como (1, 2). A matemática é cheia de notações que podem ser confusas no começo. Contudo, se apresentamos a sua lógica primeiro, a associação dessas ideias pode se tornar mais simples. E, obviamente, com muita prática.

Uma outra forma de exercitar o conceito de plano cartesiano, e ainda reforçar as operações básicas de multiplicação, é montar uma tabela de tabuada dentro do Excel. Veja um exemplo:

Figura 1 – tabuada cartesiana
Fonte: acervo próprio.

Como funciona a tabuada cartesiana?

Observe a coluna A: temos a numeração de 1 a 10. Esta sequência é o mesmo resultado da tabuada do 1, que seria:

1 \times 1 = 1
1 \times 2 = 2
1 \times 3 = 3
1 \times 4 = 4
1 \times 5 = 5
1 \times 6 = 6
1 \times 7 = 7
1 \times 8 = 8
1 \times 9 = 9
1 \times 10 = 10

Então, percebe-se que, ao ter que preencher com os resultados, há o exercício de relacionar a linha com a sua respectiva coluna. E, tal atividade, além de exercitar a localização espacial, também ajuda a reforçar as operações de multiplicação.

Depois de completar toda a tabuada de 1 a 10, é possível estender a atividade para outros conteúdos como: encontrar os resultados em comum, os números pares e ímpares, os divisores, os divisíveis por um determinado número, os resultados únicos e o exercícios de entender o motivo pelo qual eles não possuem outras operações, dentro da tabuada, que não resulta no mesmo número, entre outras.

Um livro que eu recomendo para você ou seu estudante que tenha medo de números, é “O diabo dos números” de Hans Magnus Enzensberger. A narrativa divertida, com devaneios que todo aluno que odeia a matemática já deve ter passado, aliada às novas perspectivas de observar os números, podem te ajudar a sair do time de “não sirvo para matemática” para o grupo “talvez a matemática não seja tão horrível assim”. Ao menos é a esperança desta professora que vos escreve… rs

Para referência, a planilha com as atividades demonstradas no vídeo e a tabuada cartesiana, podem ser acessadas por meio deste link.

Me conte nos comentários: o que achou dessa proposta de atividade no Excel? Compartilhe também outras sugestões que podem ser feitas neste aplicativo!

Publicado por

Luzia Kikuchi

Uma entusiasta em neurociência, apaixonada por ensino-aprendizagem e uma eterna aprendiz de professora.

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