Como ensinar usando tecnologia? Preparando atividades interativas no nearpod

Publicado em 30/04/2021 por Luzia Kikuchi

O que vem em sua cabeça quando ouve a palavra “tecnologia”? 

Segundo o dicionário Houaiss, a palavra tem origem grega, que é formada pelo radical tékhnē, que significa arte, ofício ou ciência, e o sufixo lógos, que significa estudo ou linguagem.

Desse modo, tecnologia é o estudo ou processo que permite moldar, fabricar ou modificar objetos ou o meio ambiente com o intuito de satisfazer as necessidades humanas.

Com essa definição em mente, onde podemos visualizar a tecnologia?

A resposta é: todos. A única diferença é que podem existir soluções tecnológicas melhores, dependendo da época.

E, no contexto da sala de aula, também temos vários itens que são frutos da tecnologia como a lousa (em diferentes versões como verde, negra, branca, quadriculada e panorâmica). Existiram também os retroprojetores, no lugar dos projetores digitais – que são mais usados hoje – e o mimeógrafo para fazer cópias de impressos, que deu lugar às máquinas copiadoras digitais. Todos eles, frutos da tecnologia, são considerados aparatos ou recursos tecnológicos.

Porém, apesar desse visível avanço dos recursos tecnológicos, que acabei de citar, será que a prática de ensino teve muitas mudanças?

O avanço no acesso à informação

Embora tenha havido muitas gerações de avanço tecnológico, é somente com a ampliação do acesso aos computadores, internet e smartphones que o ensino passou a ter mais desafios para serem superados, principalmente, em relação à prática didática do professor. E é sobre isso que quero chamar a atenção neste texto.

Com amplo acesso à informação, acredito que o papel do professor deva se focar na curadoria do conhecimento. Além disso, o educador também é aquele que deve dispor de técnicas e métodos para “traduzir” essas informações de diferentes maneiras. Dessa forma, o estudante busca o professor como forma de superar as dificuldades para compreender um conteúdo novo. E, para isso, o professor também precisa compreender os diversos processos de aprendizagem. Para isso, é importante conhecer o conceito de tecnologia educacional.

Por isso, quando vou falar sobre o uso de tecnologias nas escolas, sempre inicio a minha explicação falando sobre a importância da adaptação da linguagem, de acordo com o recurso tecnológico utilizado. Isso é importante para que o objetivo principal de aprendizagem não seja perdido com o uso do recurso tecnológico. Além disso, é muito importante pensar no contexto social e no seu público-alvo. Do contrário, o uso da tecnologia por si só não traz benefício para a aprendizagem. Esse processo faz parte do conceito de tecnologia educacional.

Embora houvesse uma certa dificuldade de definir o conceito de tecnologia educacional, nem no Brasil e nem internacionalmente, como retratado no livro “Manual da Tecnologia Educacional” de Ligia de Oliveira Auricchio, publicado em 1978, gosto de partir da mesma definição de tecnologia educacional dada por Paul Saettler (1968 apud AURICCHIO, 1978) de considerar os recursos tecnológicos como um meio de aprendizagem e não o fim. Levando em conta essa definição de Saettler, o recurso tecnológico precisa ser utilizado para facilitar a transmissão e sistematização de um conteúdo.

Mesmo depois de 40 anos ou mais, não tenho encontrado uma definição única sobre o conceito de tecnologia educacional, o que dificulta a implementação adequada desse conceito nas escolas.

De modo a facilitar a identificação dos principais aspectos que devem ser analisados para implementação do conceito de tecnologia educacional, criei um acrônimo chamado “FERA”. Com ele, o professor pode avaliar se um recurso tecnológico contempla os seguintes aspectos:

Pela minha experiência, sem levar em conta esses aspectos da definição de tecnologia educacional, dificilmente um recurso tecnológico pode ser benéfico para a aprendizagem. Isso significa também que, mesmo havendo a disponibilidade de recursos tecnológicos caros e sofisticados na escola, isso não se traduz, necessariamente, em melhor aprendizado.

Obviamente, fiz toda essa explanação no contexto das aulas presenciais. E na EaD? Como fica?

É verdade que, com a pandemia atual, alunos e professores tiveram que se adaptar rapidamente como puderam. Dessa forma, o uso de alguns recursos tecnológicos passaram a ser primordiais para fazer o básico: o contato entre professor e aluno. No entanto, será que a utilização desse recurso tecnológico permite uma transposição direta de uma aula presencial? Se você é professor ou professora que está passando por isso, deixe nos comentários contando a sua experiência.

Sem ler os comentários, minha opinião é que, provavelmente, não. Não é possível ter a mesma experiência de aula presencial no ensino remoto, sem adaptações. Ou seja, enquanto havia o ensino presencial, os recursos tecnológicos eram inseridos de forma “tímida” no cotidiano da sala de aula, mas sem pensar no potencial de aprendizagem propriamente dito ou, até mesmo, subutilizando-o.

Quando se fala em subutilização, é quando algumas tarefas podem ser muito bem executadas sem o uso desses recursos tecnológicos. Por exemplo, quando se prepara uma apresentação com textos muito longos e apenas os lê em aula. Ou mesmo quando um professor deixa de apresentar o material em diferentes formatos que poderiam ser muito bem aproveitados nas mídias digitais como: figuras, esquemas, animações, vídeos e jogos.

O único problema é que, nem sempre, os professores têm facilidade ou acesso a esses recursos. Embora cada recurso em separado possa estar disponível em diferentes plataformas, não é exatamente fácil ou conveniente juntá-las em uma plataforma de comunicação utilizada pela instituição de ensino, por exemplo. E é nesse aspecto que eu vi uma grande vantagem nesse recurso chamado nearpod.

A explicação sobre o que é o nearpod e as suas funcionalidades está no vídeo a seguir (estará disponível a partir das 21h). 

No vídeo, comentei que esse quadro comparativo entre o Power Point e o nearpod seria explicado em mais detalhes aqui no post. Se você quiser, pode ir diretamente às explicações do item de seu interesse, clicando em cada item na lista abaixo da tabela:

Créditos da imagem: autoria própria.

  1. Slides interativos em tempo real
  2. Incorpora vídeos direto do YouTube
  3. Precisa baixar um aplicativo para ser aberto
  4. Número de acessos
  1. Slides interativos em tempo real

Quando se monta uma apresentação no Power Point, só é possível colocar recursos interativos como enquetes, perguntas ou joguinhos, por um link externo que leva o usuário para fora do ambiente de apresentação.

E quem já deu aula sabe que quanto mais se tira o aluno de um ambiente para outro mais difícil é de recuperar a atenção dele. Principalmente, se esse segundo ambiente for muito mais interessante que o conteúdo da aula. 

Então a vantagem de criar essas apresentações no nearpod é permitir o controle de conteúdo apresentado, sem tirar o foco do aluno.

  1. Incorpora vídeos direto do YouTube

Uma das dificuldades do Power Point ao se trabalhar com vídeos, é não permitir que o vídeo seja salvo fora dele. Isso economizaria bastante o tamanho do seu arquivo final. Porém, o que acontece na prática é o seguinte: o Power Point copia o vídeo que foi anexado a ele e passa a ter um tamanho gigantesco, tornando-o inviável para enviar como anexo por e-mails e consumindo bastante o consumo de dados para baixar o arquivo.

Já no caso do nearpod, os vídeos podem ser anexados direto do YouTube, por exemplo, sem a necessidade de baixá-lo para o computador. E, assim como explicado no item anterior, isso previne a saída do aluno da apresentação da aula.

  1. Precisa baixar um aplicativo para ser aberto

Uma das grandes dificuldades de se trabalhar com qualquer arquivo do pacote Office, como no caso do Power Point, é o fato de exigir um software que seja capaz de abrir arquivos com a mesma extensão. 

Já no nearpod, como o acesso é feito direto pelo navegador, a apresentação pode ser facilmente acessada, desde que haja conexão com a internet.

  1. Número de acessos

Para a versão gratuita, o nearpod permite receber o acesso de até 40 estudantes, o que pode ser um limitador para professores com turmas grandes. Já na versão paga, que começa a partir de 10 dólares por mês, aproximadamente, R$ 60 reais por mês, na cotação atual do dólar mais os impostos do cartão de crédito, é possível aumentar para 75 alunos por sessão.

O que não ficou claro para mim é se o limite do número de alunos é por cada apresentação de aula criada ou o total de apresentações criadas pelo professor. Vou fazer um teste com a minha própria apresentação para descobrir isso e atualizo futuramente este post… (você pode conferir esse material no menu do blog no link “Materiais”).

Então, se o intuito é trabalhar com turmas pequenas, a versão gratuita será suficiente. Já em turmas numerosas, seria interessante pensar em um plano especial pela escola, entrando em contato pelo suporte do nearpod.

Acho que essa é uma das poucas vantagens que o Power Point leva vantagem em relação ao nearpod.

Para não ser injusta com o produto do “tio” Gates, acredito que os recursos gráficos como: o tipo de fonte, cores, tamanhos e o uso de tabelas e itens são mais amplos no Power Point do que no nearpod. Mas, a disponibilidade de recursos dinâmicos do último, com certeza, acaba compensando tais vantagens do Power Point.

E você? Já conhecia o nearpod? O que achou desse recurso?

Referência citada:

Auricchio, L. O. (1978). Manual de tecnologia educacional. Rio de Janeiro RJ: F. Alves 196 p.

Autor: Luzia Kikuchi

Uma entusiasta em neurociência, apaixonada por ensino-aprendizagem e uma eterna aprendiz de professora.

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