Quais são as dúvidas mais comuns sobre mapas conceituais? Parte 2

Apesar da data de publicação deste post coincidir com a data tipicamente conhecida como o “dia da mentira”, o que eu trago neste post não se trata de nenhuma “pegadinha” rs

Publicado em 01/04/2022 por Luzia Kikuchi

Apesar da data de publicação deste post coincidir com a data tipicamente conhecida como o “dia da mentira”, o que eu trago neste post não se trata de nenhuma “pegadinha” rs

Quando eu escrevi o primeiro post envolvendo as diferenças entre mapas conceituais e mapas mentais, por sugestão do público do meu canal, não imaginei que esse assunto rendesse tantos outros vídeos e, inclusive, de pessoas que estão tentando aplicar os mapas conceituais, mas ainda têm muitas dúvidas em como desenvolvê-lo.

Quero esclarecer que, em nenhum momento, tive a pretensão de me apresentar como uma especialista sobre o assunto. E até hoje eu não sou. Apenas tive a oportunidade de estudar numa disciplina, durante um semestre, enquanto realizava o curso de doutoramento em Educação na USP, com um professor que notoriamente vem fazendo pesquisas nessa área há muitos anos, que é o Prof. Paulo Correia. Por isso, se sua intenção é realmente se especializar no assunto, tente buscar uma orientação nos cursos que ele costuma oferecer, de tempos em tempos, no Coursera. Acredito que lá você terá condições de se envolver mais profundamente com a prática de mapeamento conceitual e, inclusive, aprender com os colegas do mesmo grupo.

Mas, com o tempo que tive envolvida com a disciplina durante a minha pós-graduação bem como em elaboração de pareceres em trabalhos de apresentação em congresso, consegui perceber muitas dúvidas comuns entre os alunos que começam a usar o mapa conceitual; questionamentos que recebo tanto nos comentários do canal no YouTube quanto nas caixas de mensagem nas redes sociais.

Por isso, em outubro de 2021, escrevi um post, para responder tais dúvidas, analisando um mapa conceitual enviado pelo público no qual também mostrei em vídeo a análise dele. Hoje, resolvi fazer uma segunda parte dessas dúvidas, escolhendo alguns comentários do canal. Para isso, comento e mostro, em alguns casos, um passo a passo dentro do aplicativo Cmap Cloud.

Então, se você quiser ver quais perguntas que foram exatamente respondidas, pode ver no vídeo que vai ao ar às 21h no canal.

Neste post, quero trazer uma discussão sobre o processo de aprendizagem percorrida com a utilização de mapas conceituais.

  1. O processo de “idas e vindas” e a metacognição

Uma das primeiras perguntas que um estudante faz, logo depois de ter construído seu primeiro mapa conceitual é: “E agora? O que eu tenho que revisar?”. E o que precisa ser compreendido é que um mapa conceitual é similar a construção de um bom texto: ele possui “idas e vindas” e não fica completo numa única tentativa.

E por que isso tem a ver com metacognição?

No post com o título “Como estudar?” eu havia trazido uma das primeiras dicas para aprender melhor é saber utilizar a metacognição. Este que é um processo de avaliar os próprios conhecimentos e regular a sua aprendizagem de acordo com o seu nível.

E, quando você revisita um mapa conceitual que construiu pela primeira vez, começará a notar lacunas de compreensão nos conteúdos. Assim, sentirá a necessidade de entender melhor certos conceitos, procurando no material didático, ou encontrando outras referências teóricas para compreender aqueles conteúdos.

Embora os mapas conceituais tenham a similaridade do processo de construção de um texto fluido, na minha visão, eles conseguem explicitar melhor essas deficiências de compreensão do que um texto em si. Isso se deve ao fato de que, no texto, podemos utilizar recursos linguísticos que podem esconder a profundidade de conhecimento que temos sobre um determinado assunto.

Se você quiser compreender melhor sobre a metacognição, a um nível mais formal, existe este artigo escrito pela Célia Ribeiro, da Universidade Católica Portuguesa, que explica as diferenças sutis de interpretação deste termo e alguns exemplos de processos metacognitivos.

  • A escolha do método não é o mais importante

Uma compreensão equivocada que muitos estudantes têm ao se deparar com métodos de estudo é que existe uma “regra” de acordo com o tipo de conteúdo que se quer estudar. Por exemplo, acreditar que, para memorização, o mais adequado é usar flashcards, para resumos e fichamentos detalhados, o Método Cornell ou mapas conceituais, e, para fazer uma “chuva de ideias” ou brainstorming, os mapas mentais.

Na verdade, o método pouco importa, desde que você tenha clareza dos objetivos de aprendizagem. Por exemplo, para praticar exercícios de matemática, nenhum desses métodos que já apresentei anteriormente pode ser usado. É simplesmente resolver e praticar com lista de exercícios.

Se você quiser treinar uma redação, da mesma forma, nenhum dos métodos anteriores parecem fazer muito sentido. Talvez alguns deles ajudem na organização de ideias, como os mapas mentais e conceituais, mas, pela complexidade de cada um desses métodos, acredito que não valha a pena ficar se apegando ao recurso. Use aquele em que se sentir mais confortável. É aquele famoso ditado popular: “não usar um canhão para acertar uma formiga”.

E mesmo que alguns deles possa até fazer sentido, por exemplo, como a memorização de um vocabulário novo, nada impede de você usar qualquer outro método. Eu mesma nunca usei os flashcards para esse fim. A memorização foi ocorrendo com o uso e a repetição constante deles por meio da leitura, da escuta e da escrita. Por isso, não se apegue ao método, mas ao objetivo de aprendizagem. Obviamente, se nada que estiver testando der certo, vale a pena experimentar outros 😊.

E algo importante a dizer sobre os mapas conceituais é que essa ferramenta não é tão simples de ser dominada. Existem duas dificuldades iniciais: a primeira é sobre a complexidade de compreender a organização da ferramenta em si como a pergunta-focal, os termos de ligação e a escolha dos conceitos e a segunda dificuldade que é inerente à compreensão do conteúdo que se quer demonstrar por meio do mapa.

Por isso, se você decidir pela utilização de mapas conceituais, saiba que esse método por si só exige um tempo para adaptação. Depois, que se tem domínio das estruturas básicas de uma construção de um mapa conceitual é que temos que analisar os conteúdos. Esse cuidado deve ser redobrado, quando for aplicado com alunos do ensino básico. Tenha ciência de que os mapas conceituais precisam ser aplicados por um tempo longo e de forma recorrente. Caso contrário, estamos mudando o foco da aprendizagem para um uso superficial da ferramenta em vez do conteúdo.

Acredito que essas são as dúvidas gerais recorrentes que vejo sobre mapas conceituais. Se você tiver outras, mande aqui nos comentários, por e-mail ou pelas minhas redes sociais no instagram ou facebook. Ambos você pode encontrar pelo usuário @canal.comoaprender.

Bons estudos!

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