Como definir a problemática e a hipótese de pesquisa?

Se você está escrevendo um projeto de pesquisa (Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), Mestrado ou Doutorado), e já passou pela escolha do tema, vem a fase da escolha da problemática e a hipótese que são os principais norteadores da sua pesquisa.

Publicado em 08/07/2022 por Luzia Kikuchi

Se você está escrevendo um projeto de pesquisa (Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), Mestrado ou Doutorado), e já passou pela escolha do tema, vem a fase da escolha da problemática e a hipótese que são os principais norteadores da sua pesquisa.

Definir uma problemática é quase o mesmo que pensar o que se pretende resolver. Pensar em uma “dor” de um determinado público-alvo dentro do tema que você escolheu previamente.

É claro que a complexidade da problemática varia de acordo com o tempo e o grau de escolaridade do seu trabalho. Uma monografia de TCC dificilmente terá a mesma profundidade de uma tese de doutorado. Primeiro porque, quando você inicia um TCC, ainda está aprendendo a lidar com as metodologias de pesquisa. Por isso, é natural que ainda não tenha tanta desenvoltura para pesquisar e refletir sobre assuntos complexos. E um segundo ponto é que o tempo de um doutorado leva, em média, quatro a cinco anos para conclusão. Enquanto o TCC dura de um semestre a um ano. É importante ter em mente essas diferenças, pois, saber disso, ajuda a definir com mais clareza a problemática de sua pesquisa.

No vídeo, que vai ao ar às 21h, eu dei um exemplo mais típico usando uma temática dentro da Educação Matemática e problemáticas que surgiriam dentro desse tema. Neste texto, vou tentar desenvolver uma linha de raciocínio mais genérico para que uma pessoa que não seja da área de Educação Matemática, também possa chegar no seu problema de pesquisa.

Como encontrar uma problemática numa pesquisa?

Conforme citei no início deste texto, você precisa pensar no seu público-alvo. Eu gosto de pensar desta forma, pois, pensando em quem será o principal beneficiado com os achados de sua pesquisa, fica mais fácil de definir quais tipos de problemas precisam ser resolvidos dentro de um tema.

Para determinar o seu público-alvo, você precisa pensar em um grupo de pessoas com quem se identifica. São alunos? Professores? Profissionais de uma determinada área? Um determinado grupo de uma sociedade? São essas pessoas que, provavelmente, “sofrem” com algum problema que precisa ser resolvido. E o seu trabalho vai trazer alguma contribuição para ajudá-los nessa resolução.

Depois de definir o seu público-alvo, é necessário identificar quais são essas “dores”. Seria a falta de um determinado instrumento ou produto para executar o trabalho? Ou talvez uma condição que atrapalha as atividades cotidianas dessa pessoa? Como outras pessoas já tentaram resolver esse mesmo problema? E assim por diante.

E, como se trata de uma pesquisa científica, por onde você vai começar a pesquisar depois de formular algumas perguntas de pesquisa? Pesquisando livros de referência, artigos científicos ou manuais de entidades e órgãos governamentais para verificar se já existe uma resposta para essa pergunta que você formulou previamente.

Se, nessa pesquisa, você notar que ela já está respondida, então precisa encontrar algum ponto que ainda não foi abordado. Por exemplo, pode ser uma técnica ou forma de produção diferente. Uma aplicação que foi feita apenas em um grupo e não foi no outro, etc.

Lembrando que, para fazer a pesquisa de artigos científicos, é recomendado usar as plataformas específicas para essa função. Minhas sugestões gratuitas são estas duas:

Portal de Períodicos da CAPES

DOAJ

Se a sua instituição tem assinatura de periódicos, é possível acessar também periódicos pagos que estão na Scopus, Web of Science e Elsevier. Para isso, basta inserir as suas credenciais institucionais na página principal deles.

“E eu não posso usar o Google Scholar?”

Poder até pode. Se for para ter uma noção da área, ele até ajuda. Mas, como a forma que o Google realiza a busca referente aos termos escolhidos não é muito transparente para nós usuários, fica difícil determinar se aquela lista que ele apresenta trata-se de resultados relevantes sobre o tema. Então, use com cautela.

Depois que você der uma lida nesses trabalhos que tenham a temática e a problemática similar ao que você gostaria de pesquisar, pense agora na forma como você pretende solucionar o problema. É ela que vai ser a hipótese da sua pesquisa.

A hipótese de uma pesquisa já é a solução?

A hipótese é uma possível resposta para o problema. Mas, ela não pode ser óbvia a ponto de poder ser respondida simplesmente com um “sim” ou “não”.

Na verdade a hipótese é um pouco o objetivo da pesquisa e uma forma de verificar se aquele caminho para resolver o seu problema inicial é válido ou não.

De forma bem simples e figurada, imagine que você encontre a gaveta do seu armário aberta. As hipóteses que você vai imaginar nessa situação são:

  1. Será que eu a esqueci aberta?
  2. Será que alguém deixou aberta?
  3. Será que alguém andou mexendo nas minhas coisas?

Se mais alguém mora com você, provavelmente as hipóteses de 1 a 3 podem ser facilmente verificadas perguntando a outra pessoa. Porém, se você mora sozinho(a), a hipótese 1 fica difícil de ser confirmada. Já a 2 e a 3 podem ser pensadas em conjunto. E é a partir delas que você vai começar a tentar a procurar outras evidências para confirmar tais hipóteses. Talvez, poderia verificar se algo foi subtraído, confirmar se tem sinais de arrombamento ou que alguém tenha entrado pela janela, etc. Ou pode ser simplesmente a sua mãe, que tem uma chave reserva da sua casa, que esteve procurando por algo na gaveta e esqueceu de fechá-la rs 😂

Então veja que, mesmo no dia a dia, nós também fazemos essas perguntas para resolver algum problema. A diferença é que, na pesquisa científica, nós usamos os trabalhos desenvolvidos por outras pessoas, que já foi também verificado e testado, para encontrar outras soluções. O cientista britânico Isaac Newton, certa vez disse a seguinte metáfora, numa carta que escreveu a Robert Hooke:

“Se eu vi mais longe, foi por estar em ombros de gigantes”

Isaac Newton (1675)

O que ele quis dizer é que um conhecimento é cumulativo. Ou seja, baseando-se no que alguém já sabe, você tem a possibilidade de contribuir com mais um pouco sobre o assunto. E aí está a beleza de compartilhar o conhecimento: permitir que outras pessoas possam continuar construindo novos e melhorando o que já existe.

Além do cientista, o trabalho do professor também é muito baseado nessa dinâmica. E é por isso que eu gosto tanto de ensinar e também de aprender com os conhecimentos de outras pessoas.

Numa próxima oportunidade, escrevo mais a respeito de metodologia de pesquisa. Principalmente, a diferença da metodologia qualitativa em áreas como Educação e Humanidades.

Vou também deixar algumas sugestões de livros que podem te ajudar na escrita de TCC, artigos científicos, dissertações e teses:

Título: Elaboração De Projeto, Tcc, Dissertação E Tese: Uma Abordagem Simples, Prática E Objetiva
Autor: Mario de Souza Almeida
Editora: Atlas
Crédito da imagem: amazon.com.br

Título: Como Escrever Artigos Científicos, Dissertações e Teses
Autor: Alfredo Braga Furtado
Editora: abfurtado.com.br
Crédito da imagem: amazon.com.br

Ficou um pouco mais claro de como desenvolver a problemática e a hipótese da pesquisa? Me conte aqui nos comentários!

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