Dúvidas comuns sobre mapas conceituais – Parte 1

Dúvidas comuns sobre mapas conceituais

Publicado em 01/10/2021 por Luzia Kikuchi

Aqui no blog eu tenho pelo menos três posts nos quais falo sobre mapas conceituais:

  1. Como diferenciar mapas mentais de mapas conceituais?
  2. Como avaliar a aprendizagem com mapas conceituais
  3. Como montar um mapa conceitual usando o Cmap Cloud

E nesse conjunto de posts que falei sobre mapas conceituais, achei que estava na hora de tentar compilar e esclarecer as dúvidas mais frequentes que se repetem com muitas pessoas que se aventuram a utilizar os mapas conceituais como uma ferramenta de aprendizagem.

Porém, para que a análise fosse mais verossímil (ou seja, verdadeira), e não parecer que eu inventei as dúvidas, foi aberto um link de um formulário, na aba comunidade no meu canal do YouTube, para que os inscritos pudessem me enviar os seus mapas conceituais para serem utilizados como exemplo em vídeo.

Para minha felicidade, eu recebi um mapa conceitual bastante extenso que me dará bastante material para análise das dúvidas mais comuns. Quem quiser ver a análise detalhada do mapa em si, assista ao vídeo a partir das 21h.

Aqui no post, vou compilar quais são os erros mais comuns encontrados e como resolvê-los.

  1. Mapas conceituais sem uma pergunta focal
  2. Falta de clareza nas proposições
  3. Falta de um verbo nos termos de ligação
  1. Mapas conceituais sem uma pergunta focal

O primeiro passo para começar a delimitar o assunto que será abordado em seu mapa conceitual começa pela pergunta focal. Ela é fundamental para que você possa escolher os melhores conceitos iniciais e finais, além dos termos de ligação que farão parte do seu mapa.

O que eu vejo de muito comum nos primeiros mapas conceituais é a falta de definição de uma pergunta focal. O que exatamente o seu mapa conceitual procura responder? Por isso, é muito comum ver mapas conceituais que possuem muitos conceitos e palavras-chave sobre um determinado assunto, mas que mais parecem um brainstorming* de ideias do que necessariamente com o objetivo de explicar um conceito. E, para ser um mapa conceitual, ele precisa ser claro e objetivo para um eventual leitor que não participou da construção desse mapa.

brainstorming é uma técnica de discussão em grupo em que os participantes contribuem com suas opiniões e ideias a fim de se encontrar uma solução para um problema ou conceber um trabalho mais criativo.

Fonte: Michaelis Online

E a pergunta focal é basicamente um título para o seu mapa. Mas, diferente dos títulos de capítulos de livros e trabalhos, ele precisa ser um título com o formato de uma pergunta.

Por exemplo, se eu quero criar um mapa conceitual para falar sobre triângulos, preciso definir qual aspecto quero abordar sobre ele:

  1. Definição sobre triângulos?
  2. Classificações de triângulos?
  3. Características sobre os triângulos?

E assim por diante.

Uma sugestão de pergunta focal para esse assunto seria:

“Quais são as diferentes classificações de triângulos?”

A partir daqui, eu já tenho uma direção de quais são os conceitos e termos de ligação que eu devo escolher dentro do meu mapa conceitual.

Caso necessário, pense em separar em vários mapas conceituais que se conectam por meio de links, que explicarei em outro post.

E nessa fase de escolha de conceitos e termos de ligação, vou passar para um segundo erro muito comum em iniciantes de mapas conceituais.

  1. Falta de clareza nas proposições 

Além da falta de pergunta focal, um outro erro muito comum que vejo nos mapas conceituais é construir as ligações entre os conceitos iniciais e finais como se fosse um “jogo de trilha” e que uma é continuidade da outra. 

Veja um exemplo desse tipo de confusão utilizando a pergunta focal que elaborei no item anterior:

Figura 1: Exemplo de um mapa conceitual com proposição sem clareza.

Fonte: acervo próprio.

Partindo da leitura na direção de cima para baixo, teremos as seguintes proposições:

  1. “Triângulos classificação retângulos”;
  2. “Retângulos e também equiláteros”;
  3. “Equiláteros e isósceles”.

Mas, provavelmente, a intenção de quem construiu esse mapa conceitual é que a leitura fosse feita da seguinte forma:

“Triângulos: classificação => retângulos e também equiláteros e isósceles.”

Só que, no mapa conceitual, não funciona dessa forma. Não pelo menos da forma como o Prof. Paulo Correia ensina em seus cursos e de quem aprendi sobre mapas conceituais e me baseio para passar essas dicas de como construir mapas conceituais mais claros para avaliação da sua aprendizagem.

Quando eu faço esses tipos de ligações apenas com conceitos-chave, sem preocupação com a semântica (significado) das proposições, o seu mapa possui uma característica mais próxima do mapa mental, que tem uma “liberdade” maior para a construção de ideias.

Por isso, nos mapas conceituais, o ideal é que, a cada conceito inicial e final, a proposição tenha um significado completo e claro (sabe aquela regra que a gente aprende na disciplina de língua portuguesa: sujeito, verbo e predicado? É basicamente isso).

Então, utilizando essa regra, para melhorar o exemplo da figura 1, poderíamos fazer da seguinte forma:

Figura 2: Exemplo de um mapa conceitual com proposições completas.

Fonte: acervo próprio.

Veja que a cada conceito inicial e final, as proposições são completas. Nesta figura 2, temos as seguintes proposições:

  1. “Triângulos podem ser classificados de acordo com os seus ângulos”;
  2. “Triângulos podem ser classificados de acordo com os seus lados”;
  3. “Ângulos são classificados em acutângulos”;
  4. “Ângulos são classificados em obtusângulos”;
  5. “Ângulos são classificados em retângulos”;
  6. “Lados são classificados em isósceles”;
  7. “Lados são classificados em equiláteros”;
  8. “Lados são classificados em escalenos”.

Será que ficou mais claro agora de como formular proposições? 😊

  1. Falta de um verbo nos termos de ligação

Outro erro comum que vejo em mapas conceituais é a falta de um verbo nos termos de ligação.

Assim como eu demonstrei no exemplo anterior, na figura 2, todos os termos de ligação que eu construí possui um verbo. E lembre-se que, para ter uma sentença completa, precisamos de um verbo. Lembrando que verbo é aquela palavra que indica uma ação e que nós podemos conjugar em diferentes tempos e pessoas, ok?

Por exemplo, na figura 1, proposição 1, temos:

“Triângulos classificação retângulos”

“classificação” é o termo de ligação utilizado neste mapa conceitual da figura 1. Mas, veja que ele não é um verbo, pois não podemos conjugá-lo em diferentes tempos e pessoas.

Mas “classificar” é um verbo, pois:

Eu classifico

Tu classificas

Ele classifica

Então, uma forma de corrigir essa proposição 1, da figura 1, poderia ser assim:

  1. “Triângulos são classificados em retângulos”;
  2. “Triângulos podem ser classificados em retângulos”;
  3. “Triângulos classificam-se em retângulos”;

O “tom” do verbo (afirmativo, imperativo, negativo, etc.) depende da pergunta focal que você criou para o seu mapa conceitual. Aqui eu dei apenas alguns exemplos que poderiam ser utilizados independentemente da pergunta focal, só para você entender como se estrutura um termo de ligação com um verbo.

Bom, essas foram as três dúvidas mais comuns que vejo em iniciantes em mapas conceituais. Caso você tiver outras dúvidas mais específicas, deixe aqui nos comentários para que eu possa elaborar novos posts para tentar esclarecê-las.

Espero que tenha ajudado e bons estudos!

Clique aqui para ir para a parte 2.

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