Os 5 passos essenciais para não se perder na hora de escrever um TCC

Publicado em 20/11/2020 por Luzia Kikuchi

Ao final de um curso técnico ou de graduação, é bastante comum a entrega de um trabalho de conclusão de curso ou TCC, como é popularmente conhecido.

Dependendo do curso, há uma série de diretrizes a serem seguidas como um conjunto de temas que podem ser trabalhados. Outros permitem a escolha do assunto de acordo com o interesse de pesquisa do orientador, desde que esteja relacionado ao seu curso. Além disso, as dicas que darei aqui pode variar sutilmente de acordo com a área, mas tentarei ser mais generalista possível.

Eu tive dois momentos em que tive que escrever um TCC: ao final do curso técnico em Informática, que fiz no ensino médio, e na graduação. Embora na primeira vez eu não tenha me envolvido tanto com a escrita, já que o trabalho foi feito em grupo e, por esse motivo, dividimos as tarefas de acordo com as afinidades de cada membro, lembro de ter entregado uma monografia razoavelmente volumosa. Isso se deve não somente ao texto com a estrutura de um texto científico, mas por conta da documentação técnica que incluímos nele no anexo.

Se não tiver a mesma sorte que eu de escrever um TCC em grupo para dividir as tarefas, provavelmente, você terá que se “aventurar” a escrever esse texto sozinho(a). Obviamente, para quem nunca escreveu um manuscrito desse tipo, pode ser um “bicho de sete cabeças” no começo, mas é possível seguir algumas diretrizes mínimas para começar a escrever.

Passo 1: Tente se informar sobre as partes técnicas primeiro

Quanto antes você souber da formatação que a sua instituição exige, melhor. Essa formatação envolve o tipo de fonte, tamanho, número de páginas, tipo de encadernação, etc.

Outro ponto importante é começar a entender as normas de formatação como o ABNT, ISO, Vancouver e APA. A primeira é a mais comumente utilizada aqui no Brasil, mas dependendo da sua área, a APA pode também ser bastante utilizada. Ainda há casos em que as instituições preferem fazer uma documentação com as suas próprias normas. Então procure se informar sobre isso. Embora você não precise ficar tão preocupado(a) nessa formatação para escrever o texto, quanto antes se familiarizar com essas normas será melhor para o momento que for revisar o seu texto para entrega.

No post sobre como escrever um projeto de pesquisa e como escrever um artigo científico, eu também dei algumas dicas nesse sentido.

Passo 2: Delimite o tema, público-alvo e a problemática de sua pesquisa

A regra número 1 para você escrever um TCC de sucesso é pensar no que ele poderá trazer como contribuição para a sociedade. E não precisa ser algo grandioso ou para ficar famoso. É repensar em algum problema do cotidiano, discutir um assunto pouco abordado em um sentido teórico-filosófico, etc. Lembrando que boas ideias podem futuramente virar uma patente, um projeto para ser proposto dentro de uma empresa ou mesmo para uma pesquisa mais aprofundada para a pós-graduação.

Se você pensar no TCC como uma mera burocracia que é preciso entregar para obter o seu diploma, está perdendo uma das poucas oportunidades de exercer um pouco da sua liberdade criativa e que, muitas vezes, é difícil de obtê-la quando já estiver no mercado de trabalho. Por isso que eu sou particularmente contra esses sistemas de “layout pronto” para TCC. Inclusive, acho moralmente questionável os serviços de venda de trabalhos prontos por terceiros. Mesmo porque, muitas vezes, essas plataformas não deixam claro a forma como eles produzem tais trabalhos. É possível que você caia até em problemas como o plágio, como já expliquei em um post anterior.

E depois de já ter uma ideia do tema que quer pesquisar, é preciso ter em mente que ele precisa ser pensado de acordo com o público-alvo que você quer atingir com os resultados do seu trabalho. Por exemplo, quem serão os maiores beneficiados em ler a sua pesquisa? Alunos, professores, especialistas, técnicos, gestores, etc. Um mesmo tema pode variar bastante de acordo com o público-alvo que você está interessado em atingir. E é esse público-alvo que fará o direcionamento da sua problemática de pesquisa.

Passo 3: Escreva uma introdução que contextualize o seu trabalho

Geralmente é na introdução que começamos a contar para o leitor um pouco do contexto que fez surgir a temática do seu trabalho. Isso pode surgir desde uma inspiração pessoal que se apoiará em pesquisas similares desenvolvidas na área ou de um levantamento bibliográfico feito sobre a temática.

Na introdução também é onde você apresenta o resumo de alguns trabalhos mais conhecidos sobre o assunto, com as devidas referências bibliográficas e também o objetivo do trabalho. Além disso, é possível fazer uma espécie de descrição do que será desenvolvido nos capítulos seguintes. No post sobre projeto de pesquisa, também escrevi a forma de fazer o levantamento bibliográfico.

Passo 4: regras para dividir os capítulos seguintes

Não há uma regra muito rígida para a divisão dos capítulos. Isso depende de cada tipo de pesquisa. Agora, se você não tiver ideia de como dividi-lo, uma forma seria seguir a mesma sequência de itens presentes em um projeto de pesquisa como: fundamentação teórica, metodologia, discussão dos resultados e considerações finais. Por último, virá o item “referências bibliográficas”, que não é necessariamente um capítulo, mas elemento essencial de todo trabalho acadêmico. E, opcionalmente, uma seção de anexos que são os documentos que não integram o texto necessariamente, mas que são considerados importantes para compreender alguma parte do trabalho.

E o que deve ser escrito em cada um desses itens, que possivelmente podem virar capítulos, também explico melhor neste post.

Passo 5: não deixar para última hora a escrita do seu texto

No post que falo sobre os problemas do plágio “inocente” explico que isso muitas vezes ocorre por conta da procrastinação, conforme apresentado no livro “The Psychology of Effective Studying”. Ou seja, deixar de ler as referências para última hora e não fazer uma anotação detalhada e organizada dos trechos que deverão ser incluídos em seu texto.

E é muito importante que você tente escrever seu texto com suas próprias palavras, mas use as formas corretas de citação de acordo com cada caso:

  • Citação direta

Por exemplo, se você utiliza trechos literais com menos de quatro linhas, então você pode usá-lo “entre aspas” e colocar o nome do autor, ano e a página em que se encontra esse trecho desta forma: (SOBRENOME DO AUTOR, ano, nº da página)*.

* Segundo normas correntes da ABNT referentes à data na qual foi escrito este post.

Já quando o trecho literal for maior que quatro linhas, ele deverá ser alinhado com recuo de 4 cm em relação à margem esquerda e também com citação do autor, ano e nº da página.

  • Citação indireta

Na citação indireta você pode reescrever as ideias do autor com suas próprias palavras, mas, da mesma forma, deve citar o nome do autor e ano da obra. Nas citações indiretas, não é necessário colocar o número da página onde se refere as ideias.

  • Citação da citação

Na citação da citação, é quando você se apropria da ideia de um autor 1 via autor 2. Ela normalmente é representada pela palavra em latim chamada apud dessa forma:

(AUTOR 1 apud AUTOR 2, ano).

Na medida do possível, é bom evitar usar esse tipo de citação e consultar a obra original, já que há o risco de distorcer as ideias de um autor e correr o risco de propagar interpretações equivocadas.

Esse tipo de referência só deve ser usado quando é quase impossível ter acesso à obra original, seja por barreira física (obra somente disponível fisicamente em algum lugar onde não se tem um acesso fácil) ou está disponível apenas em um idioma na qual você não seja fluente.

Escrever um texto é similar ao trabalho de um escultor: começamos com uma matéria-prima bruta que é lapidada aos poucos para tomar forma do que queremos no final. Por isso, é importante que você escreva aos poucos, mas de forma constante na medida do possível. E é só com a prática que você conseguirá ter mais fluência na escrita.

Se o(a) seu(sua) orientador(a) for uma pessoa muito atenciosa e solícita, é possível que essa pessoa te ajude também nesse processo de escrita. Porém, esses tipos de orientadores são quase exceções à regra. Em alguns casos, pode até ser que não seja por má vontade, mas por assumir muitos cargos dentro da universidade, dependendo do tempo de carreira, eles precisam assumir coordenação, diretoria, etc. e não tenha tempo suficiente para dedicar nos mínimos detalhes à orientação, ao menos no estilo “pegar na mão”. Outros simplesmente não fazem por acreditar que isso faz parte do próprio amadurecimento do aluno e ele deve ser capaz de buscar ajuda de outras formas. Vai de cada professor e depende muito do aluno com qual ele se adapta melhor.

Mas, como regra geral, leve em consideração que o seu orientador é uma pessoa bastante ocupada e, por isso, você deve solicitá-lo apenas no que for mais importante para executar e concluir o seu trabalho como a parte teórica, metodológica na qual ele é especialista. Outras questões mais técnicas de formatação e escrita podem ser resolvidas com ajudas de profissionais como revisores de texto que não necessariamente precisam conhecer sobre a sua área. Use o tempo de orientação com sabedoria.

Assista também à versão em vídeo, com uma explicação mais resumida.